É preciso combater a corrupção nas empresas, e não apenas fingir combater

Nos últimos anos o brasil entrou em um ciclo aparentemente virtuoso em sua relação com a corrupção e com a falta de ética. Está no meio de um turbilhão de ações judiciais contra pessoas físicas e jurídicas, o que pode ser o maior caso de investigação de corrupção no mundo. A reboque de tudo isso, ou como uma de suas causas, o compliance toma lugar de destaque nas mesas executivas e de conselhos de administração de empresas grandes e pequenas, nacionais ou estrangeiras.

De uma forma simplista, mas correta, os programas de compliance são instrumentos, processos e ações implementados pelas empresas para evitar, identificar e interromper condutas ilegais. Sejam elas ligadas ao descumprimento de leis trabalhistas, ambientais, concorrenciais, tributárias, regulatórias ou de prevenção à lavagem de dinheiro ou de corrupção, um programa de compliance tem componentes básicos e necessários para ser efetivo.

Erros e fraudes podem (e vão) ocorrer e isso não quer dizer que o programa de compliance não é efetivo. Um programa de compliance efetivo é aquele em que as ações posteriores à identificação de problemas não deixam dúvida sobre a seriedade da empresa em lidar e resolver os problemas ocorridos, não poupando qualquer culpado independentemente de sua posição hierárquica, status ou contribuições ao resultado da empresa.

O que deve ser feito quando um funcionário problemático da empresa, que tem um comportamento ruim com seus colegas e que não bate suas metas de venda, é pego oferecendo propina a um funcionário público para obter uma licença? Ou quando o melhor vendedor, com anos de bons resultados, é flagrado por uma operação policial entregando suborno a um político para conseguir fechar um contrato de venda para um órgão do governo?

O desligamento imediato desses funcionários é o que provavelmente a maioria das empresas faria. Mas estes dois cenários são casos fáceis, pois não há muito espaço para discussão. O problema é que eles são raros, e uma empresa que não tome a decisão de ao menos demitir estes funcionários é uma organização criminosa.

A maioria das empresas acabam encontrando, no entanto, cenários menos escancaradamente criminosos. O problema ocorre quando há espaço para os “mas”, os “coitado”, para os “mas será que isso é tão ruim assim” e para outras racionalizações e explicações de que o problema não é tão grave. Um exemplo mais real é quando o funcionário dos sonhos não é flagrado pela polícia, mas pego em um processo interno de investigação.

Fonte: http://migre.me/vR20k

COMENTÁRIO – KRESTON PARTNERSHIP:
“Como evitar a corrupção dentro da empresa? Entendo que todos os pontos levantados e abordados pelo artigo são importantes, relevantes e suficientes. Contudo, para evitar a corrupção e afastar essa prática nefasta do ambiente da sua empresa precisa ter muita força de vontade, porque esse processo tende a ser muito cansativo e bastante desafiador. Paciência, perspicácia e recursos financeiros são alguns dos instrumentos necessários para eliminar essa possibilidade por completo. A dificuldade aumenta quando a corrupção está enraizada aos processos. “Sempre foi assim” e “aqui, funciona dessa maneira” são algumas das frases que indicam a banalização da corrupção. Sempre fique atendo e de o exemplo, ou seja, de nada adianta desenvolver um código de ética, pregar a moral e ter um discurso contra a corrupção se os líderes da empresa cometem deslizes – mesmo que pequenos – no dia a dia. Uma empresa íntegra é construída por todos, então, cabe ao gestor dar o exemplo.” – Comenta: Jorge Oronzo, sócio da Kreston Partnership.

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